Jogo: Ultima VI - The False Prophet

Esse é um dos jogos mais importantes que já joguei. Foi graças a este jogo que me interessei pelos RPGs e histórias medievais.



Quando eu era pequeno, eu via meu irmão e primos jogarem Ultima VI sem entender quase nada. O que me chamava a atenção eram as cores e as animações, que para uma criança é o suficiente para não desgrudar a visão. O jogo é de 1992, se não me engano, e foi meio que uma revolução para os jogos da época, apesar de eu não achar que fez o sucesso que deveria.





Desenvolvido e publicado pela finada Origin (sem relação com a pseudo-steam de hoje em dia), Ultima VI é de fato o sexto jogo da série (sem contar spin-offs e versões alternativas) que narra as aventuras do Avatar (nada de seres azuis de outros planetas) em Britannia. Na série, o Avatar é chamado á Britannia para ajudar a acabar com algum inimigo ou situação que está ameaçando o mundo. O legal é que o criador Richard Garriott deu uma viajada, pois o Avatar é alguém vindo de nosso mundo e tempo! 


Um dos charmes da série é que você deve digitar os comandos que deseja usar. No caso do Ultima VI, você deve escrever as palavras chaves nos diálagos com outros personagens. Por exemplo, ao falar com um vendedor, você deve escrever o que deseja saber ou comprar. Tudo é na base da descoberta e o ponto de partida é sempre o mesmo: Você deve começar o diálogo perguntando o Nome da pessoa e sua ocupação. As palavras chaves são destacadas em vermelho, facilitando a conversa.

A trilha sonora também é sensacional. Apesar de ser em MIDI, é possível apreciar as belas melodias criadas por David Watson e Dr. Cat, ambos aparecendo no jogo como personagens. Muitas das músicas da série são repetidas entre os capítulos, sendo atualizada mas nunca perdendo sua essência. Particularmente sou viciado em algumas das obras, como a Stones, uma das músicas mais clássicas da série.

Para resumir bem a série, os jogos são divididos em três trilogias: A Era das Trevas (Ultima I ao III), a Era da Iluminação (IV ao VI) e a Era do Guardião, (VII ao IX). Na primeira trilogia o Avatar era conhecido como "O Estranho" (no sentido de forasteiro). Nesse período você é chamado á Britannia e acaba envolvido nos problemas sem querer. Ao se aventurar e conhecer mais do mundo e seus habitantes, o Estranho acaba juntando forças e recursos para derrotar Mondain, o mago que estava atrás da Gema da Imortalidade para se tornar extremamente poderoso. Após derrotá-lo, sua amante e aprendiz, Minax, assume seu papel e dá inicio ao segundo jogo da série e, no terceiro, você deve derrotar a cria dos dois magos, conhecida como Exodus, um ser meio máquina que habita a Ilha do Fogo.



Depois de todo esses problemas e todas as ameaças são derrotadas, começa a segunda trilogia. Talvez a mais clássica e adorada pelos fãs antigos, a Trilogia da Iluminação é a que define o Estranho como o Avatar ao fazê-lo viajar por Britannia para descobrir e estabelecer as oito virtudes, valores que são aplicados no mundo e usadas como fundamento para as sociedades. São elas: Espiritualidade, Honra, Bravura, Humildade, Justiça, Compaixão, Honestidade e Sacrifício. Um Avatar é a representação das oito virtudes e, no fim, acaba sendo o "salvador da pátria" em diversos momentos. Isso tudo acontece no clássico "Ultima IV - Quest for the Avatar".



No quinto capítulo Britannia é aterrorizada por Lord Blackthorne, que aproveita a ausência do rei de Britannia (Lord British) para usurpar o trono e começar seu domínio tirano. Novamente o Avatar aparece em Britannia para salvar o dia tendo que lutar contra diversos oponentes, incluindo os Shadowlords, uma versão diferente dos Nazgul, digamos assim.



Chegando finalmente ao sexto capítulo, o Avatar é chamado novamente mas de maneira diferente. Ao invés de aparecer um portal azul no círculo de pedras como de costume, pois essa era a forma que Lord British o invocara todas as vezes, um portal vermelho aparece. O tédio e a saudade de Britannia o fazem entrar nesse portal desconhecido, fazendo com que ele saia em um lugar diferente do que de costume. Dessa vez ele estava na terra dos Gárgulas e, ao sair do portal é cercado e capturado por essas criaturas. O Avatar acaba sendo salvo pelos seus amigos de longa data e é levado de volta à Britannia para entender o que aconteceu.



Durante o desenrolar da história você aprende que o submundo dos Gárgulas estava em colapso e eles culpam uma profecia que diz que o Falso Profeta voltaria e exterminaria a raça deles. Por causa disso, eles invadem Britannia e aprisionam as Moonstones responsáveis por criar portais baseadas na posição da lua (e impedindo o profeta de vir até Britannia), e também tentam atrair o tal profeta para matá-lo e livrá-los desse perigo. 

Um aspecto importantíssimo de Ultima VI é a liberdade que você tem para poder andar livre por aí. Acredito que seja o primeiro (ou então um dos primeiros) RPGs open world criado. Após o conflito inicial e todas as dúvidas sanadas com Lord British, você está livre para ir aonde quiser e explorar o vasto mundo de Britannia. 

Mapa mostrando o mundo nos gráficos do jogo.

Mapa em formato de ilustração. Cada caixa original vem com um mapa em tecido ou papel.

A interação com outros personagens é fundamental, pois você deve solucionar diversos mistérios e conflitos para poder concluir sua saga. Desde recrutar novos companheiros, até solucionar mistérios e se juntar a grupos de ladrões e piratas. São inúmeros quebra cabeças e desafios que aparecem no caminho. Os mais legais, na minha opinião, são os que fazem com que você tenha que viajar o mundo inteiro seguindo pistas, como no caso, ir atrás das nove partes de um mapa do tesouro. Para isso é necessário entrar na guilda dos ladrões na cidade de Buccaneer's Den, local habitado apenas por piratas e outros criminosos.

O jogo também não se limita apenas a conflitos de luta ou exploração. A história é muito importante e, caso tenha acompanhado a série desde os outros jogos, reconhecerá diversos personagens e habitantes antigos. Seus companheiros de viagem são seus amigos de longa data, como Iolo, Dupre e Shamino. Se não foram seus companheiros em outros jogos, eram NPCs importantes que te davam dicas ou informações.



Uma grande maioria dos personagens e habitantes de Britannia são inspirados em pessoas reais. O próprio Lord British é o alter-ego do criador da série, Richard Garriott. Iolo é inspirado no compositor de algumas músicas e também programador na época, David Watson. São muitos detalhes legais de descobrir ao longo do tempo e alguns easter eggs bacanas.

Ultima VI também foi lançado para outras plataformas além do PC. Existem versões para AMIGA, Commodore, FM Towns (computador japonês que contava com uma versão com falas de todos os personagens!) e, a mais interessante, Super Nintendo. Tendo que retirar boa parte do sangue e certos termos, o jogo foi importado para o console da Nintendo e mudando seu formato para um RPG Turn-Based. O combate não é muito diferente da versão para PC, mas chega a atrapalhar um pouco. Como na versão para PC a interface do jogo é em uma tela só, a versão de SNES teve que modificar um pouco as coisas, fazendo com que a interface da mochila tenha uma tela própria.




Alguns remakes foram feitos por fãs. Existe um projeto já concluído em que um grupo de fãs da série recriou toda a história de Ultima VI usando a engine do jogo Dungeon Siege. O mundo foi recriado do zero e um monte de buracos na história foram tapados e finalizados, e outras novidades foram implementadas. O projeto demorou para ser finalizado, mas já está completo. É possível baixar e jogar essa versão, desde que você possua o jogo (de preferência original) Dungeon Siege.

Existe também uma versão online um pouco mais caótica, onde você pode vagar pelo mundo atrás de equipamentos e outros recursos. Tudo é feito usando a própria engine e interface original. Particularmente eu não gostei muito dessa versão, mas pode-se dizer que é funcional. Não sei se possui muitos jogadores online ainda.



Ultima VI realmente vale a pena conhecer. Seus gráficos podem ser considerados antigos, mas como atualmente essa moda pixelada está de volta, pode ser que agrade alguns.

Em meu outro blog, vou narrar a história do jogo usando imagens e textos retirados dele, além de fazer um "role-gameplay" onde vou contar o desenvolvimento da história e dos acontecimentos pelo ponto de vista do protagonista. Vai ser difícil e demorado, mas é algo que tenho vontade de fazer desde pequeno.

Com o tempo postarei mais informações sobre os jogos da série e outras peculiaridades. Por enquanto fica aqui esse texto de resumo sobre os jogos que mais me influenciaram :)

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