Quadrinho - Thor, God of Thunder - pt1

Confesso não ser o maior fã de super heróis e toda essa fantasia que gira em torno deles. Porém existem alguns que conseguem me chamar a atenção. Thor é um desses. Talvez por ser uma representação de um deus nórdico que faz parte de uma das mitologias mais interessantes por aí (além de envolver toda a cultura viking, que eu acho muito legal). Mas na série "God of Thunder", Thor não é um super herói que visa acabar com um super vilão que ameaça a Terra ou outro clichê. Aqui temos um Thor exercendo literalmente seu papel de deus! A resenha abaixo é sobre os dois primeiros volumes encadernados, que englobam as edições 1-11.


A série foi lançada em 2012, contendo 25 edições e compilada em 4 edições encadernadas (ou de capa dura) e 2 em versão de luxo. O roteiro é de Jason Aaron e a arte ficou nas mãos de Esad Ribic e Butch Guice.


Logo de cara é possível notar que a arte de Ribic nas capas é excepcional. Seu estilo realista dá um toque mais sério à obra, e transmite a ideia de que Thor não é apenas um Super Herói. Aqui ele não está presente como um membro dos Vingadores ou lutando contra vilões clássicos. Aqui Thor é Thor, o Deus do Trovão, e a história gira em torno dele em três versões diferentes: Um Thor jovem e ainda indigno de empunhar Mjölnir; Thor, um membro dos Vingadores e herói que luta pela justiça e toda essa coisa toda. E, para finalizar, temos um Thor do futuro, quando toda Asgard foi dizimada e apenas uma versão velha do deus do trovão se encontra sentado e cansado em seu trono, lembrando muito a aparência de seu pai, Odin.

A história começa no passado, mostrando sua versão jovem comemorando a vitória em batalha junto de seus fieis vikings. A festa é interrompida quando encontram a cabeça de um homem boiando no rio e Thor descobre que na verdade não se trata de um homem, e sim um deus... De volta ao presente, Thor atende o chamado de um mortal que clama por ele. Ao atender suas preces, ele descobre que os deuses desse planeta não estão mais ouvindo as preces de seus fieis, que clamam por chuva e melhoras no tempo para poderem sobreviver. Thor resolve investigar e descobre que o panteão desse planeta encontra-se vazio. Ou melhor, os deuses, então ausentes, são encontrados, porém todos foram massacrados e torturados.


Logo aqui já podemos ver uma mudança no padrão em que Thor é representado. Ele ouve a prece de uma pessoa e percebe que seu pedido merece ser atendido. Ele age como um deus e conquista a fé das pessoas. Já em sua versão mais jovem, ele está ao lado de seus fieis e lutando ao seu lado. Apesar de ser um Vingador, ele não se esquece de sua verdadeira natureza. E foi exatamente essa premissa que me chamou a atenção. 

Após encontrar os deuses mortos desse planeta, Thor se recorda de um antigo inimigo com quem lutou no passado e que mantinha essa fixação por destruir os deuses. "Gorr está vivo?" ele se pergunta. Gorr aqui é o vilão desse arco, que não apresenta ameaça a ninguém, a não ser os próprios deuses! Por ter enfrentado ele no passado, e quase ter morrido nessa, Thor então vai atrás de informações sobre desaparecimento de deuses em planetas e galáxias por todo o universo.

Durante toda a narrativa o foco da história muda de tempo, indo para o passado mostrando como o jovem deus lutou com Gorr, voltando para o presente em que ele está investigando os desaparecimentos dos deuses, e no futuro onde Thor enfrenta infinitamente o exército de criaturas de sombra criadas por Gorr, que sempre o derrota mas nunca o mata, colocando-o de volta inconsciente em seu trono e começando a luta novamente outro dia.

O que é legal nessa história: Não temos um super herói, e sim um Deus. Vemos a evolução desse deus, começando de quando era irresponsável e briguento, para um deus que se tornou herói de diversos mundos e finalizando como um deus velho e ressentido, que pede apenas pela morte e descanso em Valhalla.

Gorr não é um vilão qualquer, pois ele possui o poder de matar outros deuses. A partir do segundo volume nos é contado a história de seu passado, como sua origem e de onde ele tirou tanto poder. A forma como a história é contada faz com que você entenda os motivos de Gorr, apesar de que sua vingança contra os deuses pode causar muita destruição no caminho. 

As coisas esquentam bastante quando Gorr aparece e resolve enfrentar a versão atual de Thor, que o atrai para um portal feito do sangue de outros deuses e que o leva para o futuro. É assim então que o presente e futuro se chocam, botando as duas versões do deus de frente com a outra. No decorrer da história a versão do passado também é tragada para o conflito no futuro, e então as três versões de Thor se unem para lutar contra Gorr e impedir seus planos, que nada mais são do que destruir todos os deuses em todas as época e multiversos!

Alguns aliados auxiliam Thor durante a empreitada. Como o Homem de Ferro, três deusas que foram escravizadas (e mais tarde descobrem terem um vínculo com o deus do trovão), além de deuses sobreviventes e outras divindades cósmicas. Não tenho muito conhecimento desses universos, mas acredito que muitos desses personagens já apareceram em outras histórias, e que fãs antigos vão reconhecer.

Esses dois primeiros encadernados são fantásticos e esse arco se tornou o meu favorito quando se trata de um super herói. A arte é belíssima e o enredo é muito interessante. Ainda não li as duas outras partes da série, mas estou interessado nelas principalmente pelo fato de que servem como gancho para a nova versão do deus do trovão que foi criada recentemente, onde Thor na verdade é uma mulher! Mas não o mesmo personagem, e sim uma nova herdeira de seus poderes e do lendário martelo Mjolnir! 

A série também está sendo lançada no Brasil pela Panini, porém como parte de um compilado de histórias da marvel na revista "Os Vingadores - Os Heróis Mais Podermosos da Terra" e anteriormente na série "Homem de Ferro & Thor". Eu decidi por pegar as versões em inglês, já que as nacionais já estão fora de catálogo. Mas tive a infelicidade de pegar o primeiro volume em versão encadernada e o segundo em capa dura... Mas tudo bem, o que importa é o conteúdo, que é de primeira! 

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